
Notícias
A produção da indústria brasileira cresceu 0,1% na passagem de maio para junho. O resultado interrompe uma sequência de dois meses seguidos com queda de 0,6%. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (1º) pela investigação Industrial Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Com o desempenho de junho, a indústria acumula expansão de 1,2% em 2025 e de 2,4% no acumulado de 12 meses. Na comparação com junho de 2024 é negativa em 1,3%.
Notícias relacionadas:
- Produção industrial tem alta de 0,1% de março para abril.
- Fiesp projeta crescimento de 1,3% da produção industrial em 2025.
- Produção industrial fica estável em janeiro, após três meses de baixa.
A média móvel trimestral ─ que fornece um retrato da tendência de comportamento da indústria ─ tem queda de 0,4% na comparação do trimestre encerrado em junho ante o terminado em maio de 2025.
Freio dos juros
O gerente da investigação, André Macedo, apontou que no primeiro trimestre de 2025, o nível da produção industrial subiu apenas 0,6% em relação ao final de 2024. Na visão dele, há uma queda de ritmo provocada pela gestão pública de juros altos do Banco Central (BC), para frear a aumento de preços.
“Isso guarda relação relevante com a gestão pública monetária mais restritiva, aumento de taxa de juros”, afirmou. "Fica evidente pela menor intensidade que a produção mostra nos meses mais recentes", complementa Macedo.
Desde setembro do ano passado, a Selic, taxa básica de juros determinada pelo BC, está em trajetória de alta, chegando atualmente em 15% ao ano. O juro alto é um “medicamento” do BC para esfriar a finanças e tentar controlar a aumento de preços. Em junho, a aumento de preços oficial alcançou 5,35% em 12 meses ─ acima do teto da meta do administração (4,5%).
Tarifaço
André Macedo avalia ainda que incertezas causadas pelo cenário internacional, como o tarifaço de bens importados pelos Estados Unidos, também tiveram reflexos negativos na produção industrial.
"Fato é que atrapalha o planejamento das empresas do setor industrial", explica.
Desde o início de 2025, o líder nacional americano, Donald Trump, tem ameaçado países, entre eles o país, de taxação de bens que entram nos Estados Unidos. No primeiro semestre, se iniciou a cobrança adicional de 10%, e agora em agosto começará a taxa adicional de 40% para significativa parte dos bens brasileiros.
Atividades
Das 25 atividades industriais pesquisadas, 17 tiveram alta na passagem de maio para junho. Essa difusão é a mais espalhada desde junho de 2024, quando foram 22 atividades com taxas positivas.
“Esse maior espalhamento está muito direcionado a perdas de meses anteriores”, pondera o gerente do IBGE. “Não estou dizendo que há trajetória de crescimento do setor industrial”, completa.
A atividade com maior impacto positivo foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias, com expansão de 2,4%. Outros destaques positivos foram:
- metalurgia (1,4%)
- celulose, papel e bens de papel (1,6%)
- bens de borracha e de material plástico (1,4%)
- outros equipamentos de locomoção (3,2%)
- bens químicos (0,6%)
- bens farmoquímicos e farmacêuticos (1,7%)
- impressão e reprodução de gravações (6,6%).
Os principais impactos negativos vieram de:
- indústrias extrativas ( 9-1,9%)
- bens alimentícios (-1,9%)
- coque (combustível derivado do carvão), bens derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,3%)
Essas três atividades representam cerca de 45% do total da indústria.
A queda nos bens alimentícios foi a quarta consecutiva na comparação entre meses imediatamente seguidos.
Entre as chamadas grandes categorias econômicas, bens de capital (1,2%) e bens de uso duráveis (0,2%) tiveram taxas positivas em junho ante maio. Na contramão, bens de uso semi e não duráveis recuaram (-1,2%) e os bens intermediários (bens que serão ainda transformados por outras indústrias) caíram (-0,1%).