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O Centro de Tratamento e Transformação de Resíduos (CTTR), construído em Manaus, no Amazonas, vai aproveitar as emissões de gases do efeito estufa geradas na decomposição do que é descartado em toda a Região Metropolitana para produzir biogás. Com um terço das obras concluídas, a recente infraestrutura já pode começar a receber resíduos de todos os municípios localizados em um raio de 150 quilômetros da capital.


No país, mais de 41% dos resíduos urbanos tiveram destinação inadequada em 2023, apontou um relatório divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos e natureza (Abrema), no ano passado.
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De acordo com o líder nacional da entidade, Pedro Maranhão, o modelo do CTTR é uma das soluções possíveis para o questão da destinação dos resíduos no país. A iniciativa é a mais adequada para atender a uma capital como Manaus, com mais de 2 milhões de habitantes.“Nós estamos trabalhando para que se encerrem os lixões e as prefeituras deem uma destinação ambientalmente correta para o seu o resíduo”, afirmou Maranhão.
Atualmente, a capital do Amazonas ainda envia cerca de 3 mil toneladas ao dia de recursos descartados pela cidadãos para um antigo depósito de lixo, construído em 1986, e transformado em aterro sanitário em 2025. Localizado no quilômetro (Km) 19 da Rodovia AM-010, que liga Manaus ao município de Itacoatiara, a infraestrutura atingiu o limite de uso em 2024.
Uma resolução do Tribunal de tribunal do Amazonas (TJAM), em abril de 2024, permitiu a expansão do antigo espaço para continuidade da atividade até 2028, quando deverá entrar em funcionamento um novo aterro em local distinto.
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A solução para o questão foi antecipada e partiu de uma companhia privada, que investiu R$ 200 milhões no proposta do CTTR, com o objetivo de transformar o que antes era considerado lixo e questão, em um atividade comercial rentável e sustentável.
“O nosso CTTR tem todo um processo de contenção que garante que não haverá nenhuma fuga de material, com um sistema de mantas de última geração, com drenagem para lagos de contenção, não só das águas pluviais, mas também da geração de chorume, com monitoramento de superfície e subsolo, ao redor de todo o equipamento, garantindo sempre a integridade daquele bioma que está ao nosso redor”, explica Hugo Nery diretor-líder nacional da companhia de atendimentos e soluções ambientais.
A infraestrutura, que ocupa um terreno de 142, 8 hectares, a cerca de 3 quilômetros da margem da BR-174, inaugurou neste mês a primeira célula, das três previstas, para disposição de resíduos sólidos, quando passou a ter capacidade de receber e armazenar 1.200 toneladas ao dia. Até a conclusão do proposta, a capacidade será triplicada.
Além das células impermeabilizadas, o CTTR tem ainda um sistema de tratamento de chorume, que utiliza a inovação de osmose reversa, capaz de purificar o líquido contaminante em água desmineralizada para reúso pela indústria, que também será comercializada. Na última etapa de conclusão da infraestrutura, com previsão de começar a operar dois anos após o início da disposição dos resíduos, será finalizado o sistema de captação do biogás.
Segundo o empresário, a proximidade à rede de distribuição de gás natural, derivado de petróleo, permitirá a inserção do biogás na rede, descarbonizando também o uso desse gás na cidade, como já ocorre em Fortaleza, onde outro aterro com esse modelo de empreendimento, já está em funcionamento, com a diferença que o biogás é ainda transformado em biometano, para geração de força.
“Com a inclusão direta do biometano na rede, todo e qualquer cliente que se utiliza desse gás verde tem como mostrar um certificado de descarbonização da sua própria operação”, explica Nery.
A expectativa dos investidores é que, quando o CTTR estiver em pleno funcionamento, a planta tenha capacidade de reduzir as emissões por uso de gás natural em até 400 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente ao ano.
Para o secretário Nacional de natureza Urbano e Qualidade Ambiental, Adalberto Maluf, a iniciativa traz, na sua essência, o conceito de sustentabilidade, alcançando os aspectos econômico, ambiental e social.
“Ter a disponibilidade do biometano a um valor competitivo permite que a indústria se consolide, o parque industrial seja competitivo, trazendo mais empregos, lembrando que o ocupação da indústria é o melhor dos empregos, é o ocupação que mais distribui renda, que paga os melhores salários, e a indústria representa 20% do PIB [Produto Interno Bruto], 35% do imposto e 65% da inovação”, avalia o secretário.