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O espaço Unibes Cultural, na capital paulista, apresenta mostra de fotografias de 31 sobreviventes do Holocausto que vivem no país.

Com expressões serenas, a mostra busca ressignificar a imagem desses sobreviventes, refletindo a dignidade, a singularidade e a presença dessas indivíduos que foram vítimas de muitas violências.
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“Eles enfrentaram diferentes tipos de agressão, desde a privação da sua liberdade ao ocupação em campos nazistas, humilhação pública, prisão, fome e, com certeza, muito abuso psicológico. E isso pesa ainda mais pois muitos deles eram menores pequenas [quando tudo ocorreu]”, explicou em entrevista à Agência país.
Intitulada Retratos Revelados - Sobreviventes do Holocausto, a exposição começa com um mapa-múndi e uma linha do período que mostram o avanço geográfico do nazismo e as medidas que estruturaram esse regime.
“O nazismo foi um movimento político-militar opressor que tentou extinguir a memória do povo judeu, assim como de outras culturas minoritárias na época da Segunda Guerra Mundial na Europa. Como movimento militar organizado, ele terminou submetendo as suas vítimas às mais horrendas atrocidades desde a tortura até a morte em campos de concentração”, lembra o fotógrafo.
E é nesta linha do período que vão surgindo as fotografias de algumas das indivíduos que sobreviveram às violências praticadas pelo nazismo e que atualmente vivem no país. Ao lado de cada uma dessas fotografias, há um pequeno resumo sobre a história e a biografia de cada um dos retratados.
A curadoria é de Maria Luiz Tucci Carneiro, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da instituição de educação de São Paulo (USP).
“Por trás de cada retrato, há as histórias que não foram possíveis de serem captadas pela câmera. A câmera fotografa o rosto, as rugas, a postura das mãos, mas ela não é sensível aos traumas. Você só vai saber dessa trajetória se ouvir os seus testemunhos”, afirmou ao Jornal da USP.
Uma das histórias apresentadas na mostra é a da holandesa Liselotte Barochel, que tinha apenas 2 anos de idade quando seu país foi ocupado pelas forças alemãs. Ela conta que seu pai era um jornalista alinhado ao socialismo, e foi denunciado, detido pela Gestapo e morto em Auschwitz em 1944.
As imagens apresentadas na mostra foram produzidas pelos fotógrafos Jacob Bosch Contreras, Mário Virgílio Castello, Moyra Madeira e Patricia Lens e feitas com câmeras analógicas e película fotográfica para valorizar o período do encontro e o gesto artesanal na revelação das imagens.
“Os retratos serenos e com sorrisos autênticos vêm do profundo da alma de cada um deles. São indivíduos que passaram inúmeras injustiças, mas que, mesmo assim, decidiram virar o disputa e usar o ruim que passaram como uma plataforma para criar um caráter profundo e resiliente. O que emana dos olhos deles é amor, amor pela vida”, afirmou Contreras.
A mostra, gratuita, fica em cartaz até o dia 29 de junho.
Outras informações podem ser obtidas no site da Unibes Cultural.