Notícias
O lançamento foi realizado na sede da Cufa no Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, e contou com a participação dos dirigentes do instituto: Preto Zezé, Cléo Santana e Marcus Vinícius Athaíde, além de um dos fundadores da Cufa e do Instituto DataFavela, Celso Athaide. Para a diretora do proposta, Cléo Santana, as indivíduos da favela devem sair do lugar de objetos de investigação.
Notícias relacionadas:
- Tendência de uso em favelas foge de estereótipo da pobreza extrema.
- Na Favela do Moinho, Lula assina acordo habitacional para moradores.
- TV país reprisa programa DR com Demori com Preto Zezé, da CUFA.
O instituto visa a criar uma rede de inteligência e diagnóstico social, reunindo pesquisadores cooperados em todo o país. A investigação de estreia será um estudo inédito com mais de 10 mil indivíduos em conflito com a norma, especificamente operadores do tráfico de drogas, em pelo menos 24 estados, ao longo de 22 dias. Segundo os organizadores, o estudo não abordará questões ligadas à criminalidade ou agressão, mas, sim, temas como família, formação, hábitos, cotidiano, uso, sonhos e perspectivas de futuro.
Para integrar o proposta, Celso Athaíde convidou o pesquisador Geraldo Tadeu, que é referência nacional em estudos sociais e coordenador técnico do proposta. "Em 2007, eu e o Celso fizemos a única investigação, até então, feita exclusivamente ouvindo moradores de favelas. Foi uma investigação chamada A Voz do Morro, publicada pelo Jornal Globo em março de 2008. Nós fomos a 101 favelas do município do Rio de Janeiro por telefone. Foi a estratégia que a gente conseguiu naquela época para adentrar esses territórios e fazer essa investigação. Então, foi uma coisa absolutamente inédita’’, relembra Tadeu.
O objetivo da investigação é conseguir uma amostra de 400 indivíduos por estado, o que significa um resultado estatisticamente para cada unidade federativa.
"Eu tenho certeza que nós vamos falar muito dessa investigação, pelo seu ineditismo e pela coragem. Quando a gente tiver em mãos esse relatório final, a gente vai ter dados como, por exemplo, que perdemos 2 mil médicos para o delito, porque a gente estará perguntando: 'Se você pudesse, você ia estudar o quê?'".
Para Marcus Vinícius Athaíde, economista de formação, que agora assume a gestão do Instituto, olhar para as favelas com olhar de mercado se torna cada vez mais necessário:
"O Insitituto Central é parte do Favela Holding, que é um grupo de empresas que que trabalham com favelas em diferentes segmentos, seja na entrega de logística para dentro de favelas, seja com comunicação, com marketing, com influenciadores digitais e também com esse estudo".
Durante a apresentação, os gestores enfatizaram que a proposta do estudo é compreender com profundidade a realidade das indivíduos que entram o delito:
"São dois universos, sem apologia ao delito ou julgamentos, mas com o objetivo de promover uma escuta humanizada sobre família, uso, lazer, religião, escolhas, sonhos e cotidiano”.
Para Celso Athaíde, é relevante que a investigação não parta de preconceitos e entre nos territórios aberta à escuta: "É muito triste, na verdade, a gente ouvir certos relatos de menores, porém, faz parte da realidade delas. Infelizmente, elas veem essa realidade todos os dias, seja da favela parando por conta de tiroteio, seja de polícia entrando, seja de troca de tiros entre bandidos e seja da relação de diária e cotidiana de armas passando na frente delas o período todo".